Audiência Pública discute aplicação de recursos de acordo judicial em Citrolândia
A Câmara Municipal de Betim realizou Audiência Pública na tarde de quinta-feira (7 de março), no Plenário Carino Saraiva, para debater os desdobramentos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Lama e dos projetos para a Bacia do Rio Paraopeba de acordo com o anexo 1.3 do Acordo Judicial firmado entre a Vale, o Governo do Estado de Minas Gerais e o Ministério Público. A iniciativa do evento partiu do vereador Professor Wellington, por meio do Requerimento nº 2.011/2023.
Professor Wellington presidiu a CPI da Lama e sempre vem cobrando o justo ressarcimento para os enormes prejuízos causados à comunidade de Citrolândia pela enchente do Rio Paraopeba em 2021. O parlamentar, que também preside a Comissão Permanente de Saúde, coordenou os trabalhos da Audiência Pública. A enchente que atingiu Betim em 2021 fez com que o Rio Paraopeba transbordasse e levasse a lama da barragem rompida de Brumadinho, em 25 de janeiro de 2019, para várias propriedades ribeirinhas. As consequências perduram até hoje.
O presidente da Empresa de Construções, Obras, Serviços, Projetos, Transporte e Trânsito de Betim (ECOS), Wilton Magno Leite, afirmou que o órgão vem atuando no pós-desastre, apoiando as ações da Defesa Civil com o intuito de minimizar os danos provocados pelo rompimento da barragem em Brumadinho. Wilton apontou que a cobrança à Vale é parte importante desse processo.
A coordenadora da Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social (AEDAS), Ranúzia Netta, explicou que a entidade presta assessoria técnica aos atingidos pela tragédia durante todas as ações reparatórias. A AEDAS busca proporcionar informação e orientação às pessoas na relação com a Vale e as contrapartidas da empresa com os municípios da Bacia do Vale do Paraopeba, entre eles Betim, que recebeu R$317 milhões a título de indenização.
Michele Rocha, coordenadora do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e moradora de Citrolândia, defendeu que parte substancial desses R$317 milhões seja aplicado no bairro, profundamente atingido pela lama e pelos dejetos trazidos pelo Rio Paraopeba. Michele reclamou da falta de diálogo no momento em que o Acordo Judicial foi fechado e da falta de obrigatoriedade do investimento dos recursos pelas prefeituras municipais nas regiões atingidas.
O coordenador do MAB, Jéfferson Macena, lembrou dos 272 mortos no rompimento da barragem e da luta nos últimos cinco anos pela reparação integral da Bacia do Rio Paraopeba, de Brumadinho até Três Marias. Jefferson criticou o acordo feito entre o Estado de Minas Gerais e a Vale, que não contempla os anseios das famílias atingidas.
O vereador Roberto da Quadra discursou da Tribuna, prestou sua solidariedade às famílias atingidas pela enchente de 2021 e colocou o seu Gabinete à disposição para colaborar na luta pela reparação.
Os representantes da comunidade de Citrolândia demonstraram ansiedade e preocupação quanto à destinação dos R$317 milhões repassados para a Prefeitura Municipal de Betim no âmbito do acordo judicial. Foi citado o exemplo acontecido em Brumadinho, onde uma ação judicial movida por um cidadão determinou a construção de 280 casas para as pessoas atingidas pelo rompimento da barragem da Vale. Esse tipo de medida poderia ser adotada em Betim, segundo a cobrança formulada pela comunidade de Citrolândia.
Diretoria de Comunicação Insititucional - Jorn. Wagner Augusto